08/09/2006 - O Dia Online
Títulos falsos: Empresária vai para prisão
RIO - Apontada nas investigações da Delegacia de Defraudações como a líder dos ‘golpes do seguro’ aplicados pela American Tour Club, a empresária Cláudia Márcia de Souza Gomes está na prisão. Às 22h15 de quarta-feira, ela, que há uma semana era procurada pela polícia, se apresentou com uma advogada e foi levada para a carceragem feminina da Polinter em São Gonçalo. Ao depor, ela negou ser presidente da empresa nem ter vínculo com a venda de títulos de clubes, prática que nos últimos oito anos causou prejuízos de R$ 30 milhões em centenas de pessoas, a maioria de idosos.
No depoimento, ela diz ter trabalhado em outra empresa do ramo, a Mares do Sul, até 1999, mas que atualmente só teria uma empresa de turismo dentro da American Tour. Cláudia Márcia, que deverá prestar novo depoimento hoje, na Defraudações, também tentou explicar a fortuna que adquiriu — calcula-se cerca de R$ 50 milhões — alegando ser uma investidora. “Ela disse que é uma comerciante que compra imóveis, faz reformas neles e os vende por preços mais altos depois”, contou o delegado-adjunto Roberto Ramos, que coordena a investigação das fraudes.
O delegado da Defraudações só vai decidir na semana que vem se pede a prisão preventiva (por 30 dias) da empresária, que por enquanto cumprirá a prisão temporária (de cinco dias), decretada pelo juiz Jorge Luiz Lecq D’Oliveira, da 38ª Vara Criminal da Capital.
Apesar de Cláudia Márcia ter negado ser dona da American Tour, a polícia garante ter material suficiente para mostrar o contrário. “Já obtivemos depoimentos que mostram essa ligação e também temos farto material que revela que é ela a líder desse grupo que praticava estelionatos”, diz Ramos.
A operação para desbaratar a quadrilha que aplicava o ‘golpe dos títulos’ começou no dia 1º, dentro do luxuoso condomínio Vale dos Eucaliptos, no Parque do Imbuí, em Teresópolis. Em uma mansão avaliada em R$ 3 milhões — chamada de ‘Casa Branca da fraude’ — os policiais começaram a caçada aos bens de Cláudia Márcia. Segundo investigações, ela tem mais de 30 imóveis por todo o estado.
No mesmo dia, sua filha, Camylla de Souza Gomes Nascimento, foi presa pela Defraudações dentro da faculdade de Veterinária. Ela é acusada de lavagem de dinheiro, já que é dona do Hotel Fazenda CSG, também em Teresópolis, que não hospeda ninguém há mais de três anos e onde, segundo a polícia, era lavado o dinheiro tirado das vítimas.
Horas depois, no Centro do Rio, a Defraudações prendeu duas funcionárias da American Tour: a supervisora Romana Aragão Magalhães dos Santos e a funcionária executiva Adriana Cunha dos Santos.