14/06/2008 - Jornal Cidade (Rio Claro)
Sequestradores atraem vítimas com novos golpes
A criatividade dos golpistas parece não ter limites. Uma nova forma de sequestro já mobiliza policiais da Divisão de Anti-Sequestro (DAS) de São Paulo, que procura uma quadrilha especializada que já fez dezenas de vítimas em todo o território nacional. Os bandidos anunciam em jornais de grande circulação nacional ou regional ofertas prá lá de vantajosas.
O bando anuncia máquinas agrícolas e carros importados com desconto de até 50% e a justificativa diante de tanta facilidade seria a susposta isenção de impostos. Mas esses valores devem ser pagos à vista. Na verdade, o preço do negócio se transformará no valor do resgate da vítima, que acaba dominada no encontro para fechar o "negócio".
Os quadrilheiros, além de golpistas, também são violentos. Os marginais já mataram dois policiais e uma de suas vítimas continua desaparecida há dois meses, mesmo depois da família ter pago o resgate. De acordo com a polícia paulista, a quadrilha atua em Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Um empresário de Goiânia foi atraído por um anúncio da venda de uma picape Dodge Ram até São Paulo.
O carro com cabine dupla, que está avaliado no mercado em cerca de R$ 140 mil, estava sendo vendido pelo preço de uma picape de cabine simples, que custa cerca de R$ 100 mil. De acordo com a polícia, os bandidos recebem os telefonemas dos interessados e passam a selecionar suas vítimas. A partir daí, começa o plano de sequestro.
Para o delegado assistente da Seccional, José Gustavo Viegas Carneiro, os golpistas através da internet encontram uma poderosa ferramenta para fazer novas vítimas. Ele alerta sobre a necessidade de procurar apenas empresas de credibilidade e sempre desconfiar de anúncios com vantagens excessivas.
"É preciso procurar somente as empresas que estão inseridas no mercado de trabalho há algum tempo. É necessário também verificar a idoneidade dessas empresas", diz o delegado. Gustavo Viegas também ressalta o poder de convencimento dos marginais. "Na maioria dos casos, os marginais têm um alto poder de convencimento e são preparados para enganar as pessoas", enfatiza.
Entretanto, ele acredita que essas quadrilhas não agem na região, haja vista que a princípio não há notícias desse tipo de crime em Rio Claro e nas cidades vizinhas. Para receber o resgate, o bando exige que a família da vítima deposite o dinheiro em várias contas correntes espalhadas pela Bahia, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. A polícia já sabe que essas contas estão em nome de laranjas e que movimentam por dia cerca de R$ 600 mil. Essas contas geralmente são usadas na lavagem de dinheiro.